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Prefácio:
A agricultura brasileira passou por mudanças tecnológicas importantes nas ultimas décadas. Durante muito tempo, o solo foi reconhecido e tratado muito mais como um simples substrato à produção agrícola do que como um sistema biológico diverso e dinâmico, bastando adicionar, via fertilizantes minerais, os elementos presentes nas cinzas dos vegetais. Predominava, especialmente na região sul do Brasil, a prática de queimar os resíduos culturais e o uso de implementos para aração e gradagem no preparo do solo, antecedendo a semeadura das culturas. Os resultados negativos desse modelo de produção não tardaram a aparecer, com alguns impactos imperceptíveis visualmente, como a redução drástica dos teores de matéria orgânica (MOS) e a degradação do estado de agregação do solo, e outros mais facilmente perceptíveis na paisagem como o assoreamento de rios e barragens e o surgimento de sulcos de erosão, os quais, em algumas situações, evoluíam para voçorocas.
Do ponto de vista do ambiente físico do solo, a difusão do plantio direto trouxe uma grande contribuição para reverter o processo de degradação do solo. Contudo e felizmente, o plantio direto trouxe consigo a convicção de que sua efetivação somente iria acontecer, quando práticas que visassem a recuperação e melhoria do ambiente biológico do solo fossem adotadas conjuntamente. Isso motivou o interesse por parte de diversos agentes envolvidos na produção agrícola pela retomada no uso de processos biológicos que permitissem produzir de maneira mais sustentável e com menos riscos ambientais, aliando os benefícios da Biologia/Microbiologia à Química/Fertilidade do solo. Ganharam destaque novamente por parte da pesquisa e da assistência técnica a otimização da ciclagem de nutrientes via uso agrícola dos dejetos de animais e de adubos verdes, especialmente de leguminosas, como plantas de cobertura de solo em sistema de plantio direto (SPD). Através desse enfoque, buscou-se valorizar os três processos biológicos mais importantes da natureza: a) a conversão do CO, atmosférico em compostos orgânicos, através da fotossíntese; b) a conversão do nitrogênio atmosférico (N,) em nitrogênio orgânico, através fixação biológica de N (FBN), que é uma habilidade fisiológica exclusiva de alguns procariotos conhecidos como diazotróficos; c) a decomposição de materiais orgânicos, que constitui a tarefa principal da vasta população de organismos heterotróficos do solo, com destaque para a população microbiana, constituída principalmente por bactérias e fungos.
Atualmente outros processos biológicos envolvendo, principalmente, o uso de bactérias como agentes de controle biológico e de rizobactérias como promotoras do crescimento de plantas (RPCP) vêm crescendo em importância e interesse na área agrícola, como alternativas tecnológicas consideradas ambientalmente amigáveis. Nesse momento, com forte apelo "Bio", já são de uso corriqueiro termos como Biofertilização, Biocontrole, Bioprocessos, Bioanálises, Biofábricas e Bioprodutos. Apesar dos avanços recentes, ainda parece evidente a necessidade em comprovar cientificamente alguns aspectos da eficiência multifuncional dessa fertilização biológica, a qual envolve complexas interações da Biologia/Microbiologia com a Fertilidade/Nutrição de plantas. Isso só será possível com a ampliação da base de conhecimento, via incentivo à pesquisa científica.
A necessidade em facilitar o acesso por parte dos estudantes e profissionais, especialmente da área de Agronomia, ao conhecimento dos principais aspectos ligados à Biologia, Microbiologia e Bioquímica do Solo, motivou a realização desse livro-texto por parte do Núcleo Regional Sul (NRS) da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS). Isso só se concretizou graças a essa importante iniciativa do NRS e à valiosa colaboração de professores/ pesquisadores de diversas Instituições dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Acredito tratar-se da única obra disponível atualmente no Brasil em que a Biologia do solo, representada pela fauna edáfica, incluindo a sua importância nos processos biodinâmicos no solo e métodos de avaliação, esteja contemplada juntamente com diversos aspectos da Microbiologia e da Bioquímica do Solo. A interligação inseparável dessas três especialidades da Ciência do Solo pode ser claramente exemplificada através do processo de decomposição de resíduos culturais, em que o "trabalho" inicial é realizado pelos diversos integrantes da fauna edáfica, seguido da ação complementar da vasta e diversa população microbiana heterotrófica que, através de complexas reações bioquímicas mediadas por enzimas, resulta na formação e decomposição da matéria orgânica do solo. Merece destaque também na obra o capítulo relativo ao metabolismo microbiano, cujos princípios básicos são fundamentais para uma boa compreensão dos capítulos seguintes, relativos aos ciclos biogeoquímicos do carbono, nitrogênio, fósforo e enxofre. Outros capítulos apresentados também oferecem uma abordagem atual e completa relativa à rizosfera e microrganismos endofíticos, à ecotoxicologia de solos e à biorremediação.
Parabéns aos autores de cada um dos quatorze capítulos e aos organizadores desta importante obra, de grande valor científico e didático à área de Biologia, Microbiologia e Bioquímica do solo, a qual considero em minhas aulas de Microbiologia do Solo aos alunos da graduação em Agronomia e da pós-graduação em Ciência do Solo (PPGCS) como sendo o "coração" da Ciência do Solo. Para ratificar essa opinião, uso a afirmação repetida nas suas magistrais aulas de Microbiologia do Solo pelo falecido e saudoso professor Marcos Rubens Fries do Departamento de Solos da UFSM, o qual tive o privilégio de ter como professor, orientador e colega, de que "os organismos do solo constituem o elo essencial do ciclo da vida na terra".
Ao visitarem os diferentes capítulos da presente publicação, todos atuais e informativos, tenho a certeza de que os usuários poderão comprovar com clareza a ênfase dada pelo francês Louis Pasteur, nos primórdios da Microbiologia, sobre "o papel infinitamente grande dos infinitamente pequenos".
Ficha Técnica
Capítulos:
Capítulo 1 - HISTÓRICO DA MICROBIOLOGIA DO SOLO
Capítulo 2 - ORGANISMOS DO SOLO: UM OLHAR SOBRE A FAUNA EDÁFICA
Capítulo 3 - FAUNA EDÁFICA NOS PROCESSOS BIODINÂMICOS DO SOLO
Capítulo 4 - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA FAUNA EDÁFICA
Capítulo 5 - ECOTOXICOLOGIA DE SOLOS
Capítulo 6 - ECOLOGIA MICROBIANA DO SOLO
Capítulo 7 - RIZOSFERA E MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS
Capítulo 8 - METABOLISMO MICROBIANO
Capítulo 9 - CICLO BIOGEOQUÍMICO DO CARBONO
Capítulo 10 - BIOTRANSFORMAÇÕES DO NITROGÊNIO NO SOLO
Capítulo 11 - FÓSFORO E ENXOFRE: CICLOS E TRANSFORMAÇÕES MICROBIANAS NO SOLO
Capítulo 12 - ASSOCIAÇÕES MICORRÍZICAS
Capítulo 13 - FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO ATMOSFÉRICO
Capítulo 14 - BIORREMEDIAÇÃO: CONCEITOS E APLICAÇÕES
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